quarta-feira, 16 de maio de 2012

ANDEBOLICES

Os entendidos na matéria atribuem a invenção do andebol ao professor Karl Schelenz, da Escola Normal de Educação Física de Berlim, durante a primeira guerra mundial.

Vem isto a propósito de uma pretensa justificação dada na última reunião do executivo municipal, em relação a uma alegada contratação de serviços (?) a um clube de andebol do concelho de Aveiro, em Setembro de 2011, justificação que aparentando ser de imaculada esperteza, acaba por afrontar a sensatez.


E por isso, se a uns parece suficiente dizer que houve (mesmo!) um ajuste directo que no entanto não foi publicitado porque a lei só abriga à publicitação dos que têm valor superior a 5.000,00€, a sensatez não deixa de perguntar-se por que razão o município, neste mandato, terá publicitado ajustes directos de valor substancialmente inferior e de que, a título de exemplos, se referem a execuçãode platibanda na cobertura do edifício público (980,00 €), o fornecimento de um certificado digital (185,00 €), a aquisição de um triturador para a escola básica Dr. Acácio Azevedo (332,35 €), o fornecimentoe colocação de estores  (620,00 €), ou o alargamento e encamisamento do furo do jardim da entrada poente (497,00 €); ou até, por que razão esta actividade nunca foi dada a conhecer em reunião do executivo, divulgada pela imprensa, ou sequer colocada on line no sítio do município.
Se para uns é bastante informar que tudo se resumiu a um ajuste directo simplificado de prestação de serviços por parte de um clube desportivo de fora do concelho, a sensatez interrogar-se-á por que razão nunca houve recurso ao ajuste directo com as colectividades do concelho que dinamizam não só o andebol mas as outras modalidades desportivas; e perguntar-se-á ainda, a sensatez, por que terão sido contratados serviços (?) de dinamização do andebol a um clube de fora do concelho, quando há no concelho clubes desportivos que têm o andebol como modalidade desportiva.

E quando uns se limitam a referir que houve formação dos professores das AEC de actividade física e desporto até final de 2011, e uma acção de dinamização numa escola do concelho durante o 2º período escolar, o que a sensatez impõe é que seja dito é em que dias, horas e locais se realizaram essas actividades.

E enquanto uns aludem à monitorização de um atelier sobre o andebol na programação da Festa da Criança deste ano, o que os sensatos gostariam que lhes fosse explicada é por que razão esta actividade não consta do programa já difundido pela comunicação social e incluído nos convites oportunamente enviados; e isto, apesar de se saber que há sempre quem esteja disponível para ‘ter de assumir’ (que remédio!) este lapso lamentavelmente cometido.

E a quem aponta para um interesse pelo andebol de tal modo repentino, que determinou a contratação de serviços (?) de dinamização da modalidade a um clube de fora do concelho, o que os sensatos pedem é que se diga a razão pela qual esse interesse pela modalidade desapareceu tão subitamente como surgiu, ao ponto de meio ano depois (Abril de 2012) a câmara municipal não ter atribuído um cêntimo (unzinho, que fosse!) para apoiar os jovens que praticam essa modalidade nos clubes do concelho.

Pois é… todos sabemos que há um abismo a separar a esperteza da sensatez!

Porque em lugar da justificação dada e que não convence quem quer que seja, teria sido intelectualmente mais honesto dizer que a realização de 3 jogos da 1ª Jornada da Taça Challeng no Pavilhão Municipal de Oliveira do Bairro foi uma forma de trazer para o concelho uma competição internacional, com a participação de um clube desportivo de um concelho que, para além de limítrofe também integra a Rota da Bairrada e a CIRA-Comunidade Intermunicipal de Região de Aveiro; uma realização que, infelizmente não teve a adesão do público que se esperava, e que, por isso mesmo, será merecedora de profunda ponderação de interesses, se nova oportunidade surgir.

E esta, por ser uma justificação sensata, seria concerteza acolhida e entendida por todos, e até mesmo pelo responsável máximo da direcção da federação portuguesa de andebol.

E se assim fosse, essa justificação não seria, com toda a certeza, considerada como ‘conduta antidesportiva’, a falta mais grave que o professor Karl Schelenz concebeu para as regras do andebol naquele tempo de verdadeira guerra.

PS: Por decisão pessoal, o subscritor não escreve segundo as regras do novo acordo ortográfico

Publicado no 'Jornal da Bairrada' de 16 de Maio de 2012